terça-feira, 29 de setembro de 2009

Explorando EaD: vantagens e desvantagens

Explorando a Educação a Distância

www.redeescolarlivre.rs.gov.br

Introdução

Este documento tem por objetivo servir de orientação inicial àqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre a modalidade de educação a distância (EAD). Para isto, inicialmente apresenta-se um breve histórico da EAD, algumas definições propostas por estudiosos da área, além de discutir brevemente sobre as vantagens e desvantagens de tal processo educacional.

Existem hoje inúmeros ambientes que reúnem uma série de recursos para criação e estruturação de curso na modalidade a distância. A segunda parte do documento apresenta um levantamento dos ambientes mais utilizados atualmente. Este levantamento contempla tanto os softwares comerciais, como LearningSpace e WebCT, como aqueles desenvolvidos por universidades e grupos de pesquisa, como o Aula-Net, Eureka e TelEduc.

Além desses, apresenta a descrição de ambientes desenvolvidos para cursos específicos, como o criado para o curso de Atualização dos Multiplicadores do Proinfo.

Finalmente, apresenta-se uma proposta dos principais recursos que deveriam compor um ambiente educacional que apoiasse o processo de educação a distância, considerando o levantamento anteriormente apresentado e as possibilidades de uso de software livre.

Definições e Características

A Educação a Distância (EAD) é um termo muito utilizado atualmente. Na realidade, esta popularização deve-se mais ao fato da maior acessibilidade proporcionada pelas conexões em rede (tanto nas Intranet quanto na Internet), do que pela novidade do tema.

Segundo alguns autores, pode ter tido início a partir do surgimento da escrita e das primeiras cartas de Platão e das epístolas de São Paulo. Para outros estudiosos, os primeiros indícios de educação a distância surgiram no final do século XVIII, através das primeiras ofertas de tutoria por correspondência. A partir de então, pouco a pouco, percebe-se uma silenciosa proliferação dessa modalidade de educação/ensino, que tomou considerável impulso, por todo o mundo.

Segundo alguns autores, pode ter tido início a partir do surgimento da escrita e das primeiras cartas de Platão e das epístolas de São Paulo. Para outros estudiosos, os primeiros indícios de educação a distância surgiram no final do século XVIII, através das primeiras ofertas de tutoria por correspondência. A partir de então, pouco a pouco, percebe-se uma silenciosa proliferação dessa modalidade de educação/ensino, que tomou considerável impulso, por todo o mundo.

De indiscutível valor, a educação a distância vem se consolidando e adquirindo credibilidade à medida em que as instituições passam a conhecer suas características e peculiaridades.

Segundo NUNES (1994), a educação a distância é um recurso que permite o atendimento a grandes contingentes de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos de reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da clientela atendida. As experiências dos últimos anos indicam que, para atender efetivamente um grande grupo de alunos, existe a necessidade de uma infra-estrutura adequada de suporte, bem como uma equipe de professores-tutores para garantir a qualidade deste processo.

Os principais fatores que propiciaram o surgimento e o posterior desenvolvimento da EAD foram, segundo ARETÍO (1994, apud NUNES, 1994; BITTENCOURT, 1999):

· a necessidade de adaptação às constantes modificações no mundo em todos os setores;

· a crescente demanda por educação/ensino;

· grande percentual da população sem condições de atendimento pelo sistema formal;

· os elevados custos da educação formal;

· a necessidade de flexibilizar a rigidez do sistema convencional;

· notável avanço das ciências da educação e as transformações tecnológicas que colocaram à disposição da educação um verdadeiro arsenal de instrumentos/aparelhos, possibilitando a diminuição das distâncias, através de condições para comunicação mais rápida e segura.

Segundo LANDIM(1997), muitas pessoas utilizam os termos ensino e educação, indiscriminadamente, embora na prática existam diferenças relevantes. O termo ensino está mais ligado às atividades de treinamento, adestramento e instrução. Já o termo educação refere-se à prática educativa e ao processo ensino-aprendizagem que leva o aluno a aprender a aprender, a saber pensar, criar, inovar, construir conhecimentos, participar ativamente de seu próprio crescimento. É um processo de humanização que alcança o pessoal e o estrutural, partindo da situação concreta em que se dá a ação educativa numa relação dialógica.

Definições Clássicas

A Educação a Distância foi, inicialmente, definida muito mais pelas diferenças em relação à educação presencial do que pelas características que a determinam ou pelos elementos que a constituem.

Segundo NUNES (1994), a comparação imediata com a educação presencial (onde o professor é, tradicionalmente, a figura central) promove um entendimento parcial do que é educação a distância e, em alguns casos, estabelece termos de comparação pouco científicos. Estudos mais recentes apontam para uma conceituação, se não homogênea, mais precisa do que é educação a distância.
PERRY e RUMBLE (apud NUNES, 1994) afirmam que a característica básica da educação a distância é o estabelecimento de uma comunicação de dupla via, na medida em que professor e aluno não se encontram juntos. Desta forma, existe a necessidade do uso de recursos que possibilitem esta comunicação bidirecional, como correspondência postal, correspondência eletrônica, telefone ou telex, rádio, videoconferência, etc. Estes autores indicam outras denominações utilizadas correntemente para descrever a educação a distância, como: estudo aberto, educação não-tradicional, estudo externo, extensão, estudo por contrato, estudo experimental.

Contudo, nenhuma dessas denominações serve para descrever com exatidão educação a distância. São termos genéricos que, em certas ocasiões, incluem, mas não exclusivamente, a modalidade a distância. Esta pressupõe um processo educativo sistemático e organizado que exige não somente a via dupla na comunicação, como também a instauração de um processo estruturado e continuado. A escolha de determinado meio é, então, conseqüência do tipo de público, custos operacionais e, principalmente, eficácia para a transmissão, recepção, transformação e criação do processo educativo.

Já KEEGAN (apud NUNES, 1994) afirma que o termo genérico de educação a distância inclui um conjunto de estratégias educativas referenciadas por: educação por correspondência, utilizado no Reino Unido; estudo em casa (home study), nos Estados Unidos; estudos externos (external studies), na Austrália; ensino a distância, na Open University do Reino Unido. E, também, téléenseignement, em francês; Fernstudium/Fernunterricht, em alemão; educación a distância, em espanhol; e teleducação, em português.

Em português, é bom lembrar, educação a distância, ensino a distância e teleducação são termos utilizados para expressar o mesmo processo real. Contudo, algumas pessoas ainda confundem teleducação como sendo somente educação por televisão, esquecendo que tele vem do grego, que significa ao longe ou, no nosso caso, a distância.

Há diferenças entre educação a distância e educação aberta, porém ainda prevalece, principalmente nos projetos universitários, forte ilusão de semelhança entre ambos os conceitos. A educação aberta pode ser a distância ou de forma presencial. O que a diferencia da educação tradicional, é que todos podem nela ingressar, independentemente de escolaridade anterior. Além disso, na expressão educação a distância, pode-se ou não usar a crase, pois ela é facultativa neste caso, sendo obrigatória somente quando define-se a distância, por exemplo: à distância de três metros.

Visto isto, passemos a observar com maior detalhe, como pesquisadores da área expressam o que consideram essencial para a conceituação da educação a distância, conforme figura no estudo de KEEGAN (apud NUNES, 1994).

G. Dohmem (1967): Educação a distância (Ferstudium) é uma forma sistematicamente organizada de auto-estudo onde o aluno se instrui a partir do material de estudo que lhe é apresentado e o acompanhamento e a supervisão do sucesso do estudante ocorre através do apoio de grupo de professores. Isto é possível de ser feito a distância através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias. O oposto de “educação a distância” é a “educação direta” ou “educação face-a-face”: um tipo de educação que tem lugar com o contato direto entre professores e estudantes.

O. Peters (1973): Educação/ensino a distância (Fernunterricht) é um método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. É uma forma industrializada de ensinar e aprender.

M. Moore (1973): Ensino a distância pode ser definido como a família de métodos instrucionais onde as ações dos professores são executadas à parte das ações dos alunos, incluindo aquelas situações continuadas que podem ser realizadas na presença dos estudantes. Porém, a comunicação entre o professor e o aluno deve ser facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outros.
B. Holmberg (1977): O termo “educação a distância” esconde-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do planejamento, direção e instrução da organização do ensino.

KEEGAN (1991, 38) sumariza os elementos que considera centrais dos conceitos acima enunciados:

· separação física entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial;

· influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, projeto, organização dirigida etc.), que a diferencia da educação individual;

· utilização de meios técnicos de comunicação, usualmente impressos, para unir o professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos;

· previsão de uma comunicação de mão dupla, onde o estudante se beneficia de um diálogo, e da possibilidade de iniciativas de dupla via;

· possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização e

· participação de uma forma industrializada de educação, a qual, se aceita, contém o gérmen de uma radical distinção dos outros modos de desenvolvimento da função educacional.

HOLBERG, em 1981, (apud BITTENCOURT, 1999) afirmava que a característica principal da educação a distância é a comunicação indireta. Atualmente, com as novas tecnologias, a Internet e a videoconferência, a educação a distância também pode ser baseada na comunicação direta. Esta forma de comunicação traria uma série de conseqüências, tais como:

A base do estudo a distância é normalmente um curso pré-produzido, que costuma ser impresso, mas também pode ser apresentado através de outros meios distintos da palavra escrita, como as fitas de áudio ou vídeo e os programas de rádio ou televisão. O curso deve ser auto-instrutivo, ou seja, ser acessível ao estudo individual, sem o apoio do professor. Por razões práticas, a palavra curso é empregada para significar os materiais de ensino, antes mesmo do processo ensino-aprendizagem. Hoje os recursos de produção de material multimídia e a conexão em rede estendem a possibilidade de disponibilização de material, tanto via CD-ROM como em páginas html, bem como através de servidores de vídeo sob demanda.

A comunicação organizada de dupla via tem lugar entre os alunos e uma organização de apoio. O meio mais comum utilizado para isso é a palavra escrita, antes através da correspondência tradicional e, mais atualmente, através do correio eletrônico e salas de bate-papo (chat). O telefone, importante há alguns anos atrás, é gradativamente substituído pelos recursos oferecidos pela Internet.
A EAD levava em conta o estudo individual, servindo expressamente ao aluno isolado, no estudo que realiza por si mesmo. Hoje, os recursos propiciam a superação desta restrição, ampliando as possibilidades do trabalho cooperativo.

Dado que o curso produzido é facilmente utilizado por um grande número de alunos e com um mínimo de gastos, a EAD pode ser - e o é freqüentemente - uma forma de comunicação massiva. As experiências atuais indicam que esta comunicação massiva vai ao encontro da qualidade do ensino, já que dificulta a interação entre os participantes do processo, limitada pelo grande número de participantes.

Quando se prepara um programa de comunicação massiva, é prático aplicar os métodos do trabalho industrial. Estes métodos incluem: planejamento, procedimentos de racionalização, tais como divisão de trabalho, mecanização, automatização e controle e verificação. Os ambientes de apoio ao desenvolvimento de cursos a distância procuram hoje oferecer tais recursos de forma transparente ao professor, facilitando a disponibilização dos materiais do curso, sua comunicação com os alunos e possibilitando o acompanhamento individual dos participantes.

Os enfoques tecnológicos implicados não impedem que a comunicação pessoal, em forma de diálogo, seja central no estudo a distância. Isto se dá inclusive quando se apresenta a comunicação computadorizada. O autor considera que o estudo à distância está organizado como uma forma mediatizada de conversação didática guiada.

Legislação

A Educação a Distância foi, inicialmente, regulamentada através do artigo 80 da Lei Das Diretrizes e Bases da educação nacional (LDB) (Lei n.º 9.394) em 20 de dezembro de 1996.

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

§ 1º. A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.

§ 2º. A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.

§ 3º. As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação à distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

§ 4º. A educação à distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:

I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais.
Este artigo foi regulamentado através do Decreto N.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. Em seu artigo 1°, este decreto define a Educação a Distância como:

“Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação”.
Esta definição, bastante abrangente, engloba todas as múltiplas definições antes referenciadas.
Finalmente, o decreto N.º 2.561, de 27 de abril de 1998, alterou a redação dos artigos 11 e 12 do Decreto n.º 2.494, regulamenta o credenciamento de instituições para oferecimento de cursos a distância, enquanto a Portaria 301/98, normatiza procedimentos de credenciamento para ofertas de cursos de graduação e educação profissional tecnológica. O texto completo destes decretos podem ser encontrados nos anexos.

Características

ARETIO (1994) destaca as seguintes características, inerentes à Educação a Distância:

separação professor-aluno

O docente não está presente, mas organiza a aprendizagem através do planejamento das atividades e dos recursos didáticos que se utiliza. Em muitos cursos a distância, há a previsão de momentos presenciais, propiciando o esclarecimento de dúvidas, explicações complementares e realização de avaliações. O acompanhamento do aluno, durante todo o processo desenvolvido pela instituição de ensino e pelo professor/tutor, é indispensável e supera o fator separação/distância, proporcionando a quem aprende a certeza de não estar sozinho.

utilização de meios técnicos

Atualmente, não existem distâncias nem fronteiras para o acesso à informação e à cultura. Os recursos técnicos de comunicação (impressos, áudios, vídeos, ...), acessíveis a boa parte da população, têm possibilitado o grande avanço da Educação à Distância e se convertido em propiciadores da igualdade de oportunidades de acesso ao conhecimento e da democratização das possibilidades da educação. A escolha e a utilização dos recursos didáticos em programas de EAD dependem do diagnóstico da população-alvo e do planejamento da instrução previamente estabelecido.

organização de apoio-tutoria

É possível que uma pessoa, dispondo de bons recursos didáticos auto-instrucionais, seja capaz de aprender sozinha. existem autodidatas que alcançaram projeção e sucesso socio-profissional. A Educação à Distância pode ser situada entre a Educação Presencial (face a face) e a solitária (autodidata), pois conta com uma instituição de ensino que tem por finalidade apoiar o aluno, motivando-o, facilitando e avaliando continuamente sua aprendizagem.

Enquanto na Educação Presencial há uma relação de responsabilidade estabelecida entre professor/aluno, na Educação à Distância ocorre a relação instituição/aluno. A atuação do TUTOR (orientador de aprendizagem do aluno) é muito importante, pode-se dar à distância ou presencialmente, individualmente e em pequenos grupos.

aprendizagem independente e flexível

O cuidadoso planejamento do processo de ensino e de aprendizagem em EAD possibilita o trabalho independente e a individualização da aprendizagem, devido à flexibilidade que se poderá imprimir a esta modalidade educativa. Através da EAD, procura-se não somente transmitir conhecimentos, mas tornar o aluno capaz de aprender a aprender e aprender a fazer, de forma flexível, respeitando sua autonomia em relação ao tempo, estilo, ritmo e método de aprendizagem, tornando-o consciente de suas capacidades e possibilidades para sua autoformação.

As novas tecnologias da comunicação propiciam a aprendizagem autônoma, pois o aluno, mesmo à distância, ao longo de sua aprendizagem, pode, inúmeras vezes, manter contato com o professor/tutor, a instituição promotora do curso e outros alunos. Desta forma, a distância diminui, a solidão é minimizada e a individualização da aprendizagem é entrecortada por alguns momentos de socialização.

comunicação bidirecional

Na EAD, o aluno não é um simples receptor de mensagens educativas e conteúdos planejados, produzidos e distribuídos por um centro docente, sem possibilidade de esclarecimentos e orientações. A atividade educativa, como processo de comunicação, é bidirecional, com o conseqüente feedback entre docente e aluno. O diálogo consubstancia, assim, a otimização do ato educativo. O aluno pode responder às questões que lhe são propostas nos materiais instrucionais, assim como pode propor um diálogo com o seu tutor, enriquecendo sua atividade de aprendizagem.

O diálogo também pode ser simulado por intermédio da conversação didática guiada entre docente e aluno, proporcionada pelos materiais de estudo. A intensidade da comunicação bidirecional pode tornar os programas de EAD mais ou menos distantes de seus destinatários, devendo ser dirigida com o maior empenho para que esta distância tenha o menor significado e influência possíveis.

enfoque tecnológico

A educação é otimizada pela tecnologia quando vista sob uma concepção processual planificada, científica, sistemática e globalizadora. Em EAD, não podem ocorrer a improvisação no planejamento e na execução de um programa e a descoordenação entre os diversos recursos pessoais e materiais de um sistema multimídia, pois a retroalimentação do sistema não se dá prontamente, havendo, portanto, desvios e sérios prejuízos para os alunos.

comunicação massiva

As novas tecnologias da informação e os modernos meios de comunicação tornaram inesgotáveis as possibilidades de recepção de mensagens educativas, eliminando fronteiras espaço-temporais e propiciando o aproveitamento destas mensagens por grande número de pessoas, dispersas geograficamente. Pode-se ensinar bem à distância, usando os meios massivos de comunicação, suprindo com vantagem a ausência do professor. Observa-se, então, a economia de escala, já que a mesma mensagem, cujo planejamento e produção comportaram um custo, pode ser massivamente recebida. A comunicação massiva não é possível no ensino presencial, pelas limitações espaço-temporais da sala de aula e da presença do professor.

Os sistemas flexíveis de educação, de acordo com as novas correntes educativas centradas na educação aberta, devem estar mais atentos aos alunos individualmente, com suas exigências, motivações e necessidades, do que às da instituição. Assim, o aluno poderá iniciar um curso quando desejar, desenvolvendo-o de acordo com seu tempo disponível para estudar em seu ritmo de aprendizagem. Pode haver, então, o processo de formação personalizada nos conteúdos que o aluno estudará, escolhidos em função das exigências, dos conhecimentos e das capacidades que ele possui. Vale destacar que, embora a comunicação massiva seja uma possibilidade da EAD é uma vantagem em relação aos sistemas presenciais de ensino, pode esta modalidade estar direcionada, também, a minorias e, inclusive, a um só aluno.


procedimentos industrializados

Na EAD, a produção e a distribuição massiva de materiais e recursos didáticos e o acompanhamento a grande quantidade de alunos, geograficamente dispersos, exigem uma organização mais estruturada para comportar sistemas de produção e distribuição de materiais rigidamente programados. Além disso, há necessidade de um sistema de gerenciamento das relações entre programadores curriculares, produtores distribuidores de material, tutores e alunos, o que dificulta uma relação flexível e o atendimento às necessidades pessoais.

Isto implica a aplicação de procedimentos industriais em relação à racionalização do processo, à produção massiva e à divisão do trabalho. Procedimentos industriais não chegam a se configurar como uma característica definitiva dos sistemas a distância em geral, pois o nível de “industrialização” está na razão do número de alunos a serem atendidos.

PRETI (1996) comenta a definição de Aretio, destacando os seguintes elementos:

· distância física professor-aluno: a presença física do professor ou do tutor, isto é, do interlocutor, da pessoa com quem o estudante vai dialogar, não é necessária e indispensável para que se dê a aprendizagem. Ela se dá de outra maneira, mediada por tecnologia da comunicação, “virtualmente”;

· estudo individualizado e independente: reconhece-se a capacidade do estudante de construir seu caminho, seu conhecimento por ele mesmo, de se tornar autodidata, ator e autor de suas práticas e reflexões;

· processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EA deve oferecer suporte e estruturar um sistema que viabilize e incentive a autonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem.
uso de novas tecnologias: os recursos técnicos de comunicação, que hoje têm alcançado um avanço espetacular (correio, rádio, TV audiocassete, hipermídia interativa, Internet), permitem romper com as barreiras das distâncias, das dificuldades de acesso à educação e dos problemas de aprendizagem por parte dos alunos que estudam individualmente, mas não isolados e sozinhos. Oferecem possibilidades de se estimular e motivar o estudante, de armazenamento e divulgação de dados, de acesso às informações mais distantes e com uma rapidez incrível.

· comunicação bidirecional: o estudante não é mero receptor de informações, de mensagens; apesar da distância, busca-se estabelecer relações dialogais, criativas, críticas e participativas.

Vantagens e Desvantagens

O processo educativo de valor consagrado e indiscutível, a EAD apresenta vantagens e limitações que merecem ser analisadas (ARETIO, 1994). Como vantagens, podemos citar:

Abertura

- eliminação ou redução das barreiras de acesso aos cursos ou nível de estudos;

- diversificação e ampliação da oferta de cursos;

- oportunidade de formação adaptada às exigências atuais, às pessoas que não puderam freqüentar a escola tradicional.

Flexibilidade

- ausência de rigidez quanto aos requisitos de espaço (onde estudar?), assistência às aulas e tempo (quando estudar?) e ritmo (em que velocidade aprender?);

- eficaz combinação de estudo e trabalho;

- permanência do aluno em seu ambiente profissional, cultural e familiar,

- formação fora do contexto da sala de aula.

Eficácia

- aluno, centro do processo de aprendizagem e sujeito ativo de sua formação vê respeitado o seu ritmo de aprender;

- formação teórico-prática, relacionada à experiência do aluno, em contato imediato com a atividade profissional, que se deseja melhorar;

- conteúdos instrucionais elaborados por especialistas e a utilização de recursos multimídia;

- comunicação bidirecional freqüente, garantindo uma aprendizagem dinâmica e inovadora.

Formação permanente e pessoal

- atendimento às demandas e às aspirações dos diversos grupos, por intermédio de atividades formativas ou não;

- aluno ativo: desenvolvimento da iniciativa, de atitudes, interesses, valores e hábitos educativos;

- capacitação para o trabalho e superação do nível cultural de cada aluno.

Economia

- redução de custos em relação aos dos sistemas presenciais de ensino, ao eliminar pequenos grupos, ao evitar gastos de locomoção de alunos, ao evitar o abandono do local de trabalho para o tempo extra de formação, ao permitir a economia em escala,

- a economia em escala supera os altos custos iniciais

Como desvantagens e ou limitações, pode-se citar:

· Limitação em alcançar o objetivo da socialização, pelas escassas ocasiões para interação dos alunos com o docente e entre si.

· Limitação em alcançar os objetivos da área afetiva/atitudinal, assim como os objetivos da área psicomotora, a não ser por intermédio de momentos presenciais previamente estabelecidos para o desenvolvimento supervisionado de habilidades manipulativas.

· Empobrecimento da troca direta de experiências proporcionada pela relação educativa pessoal entre professor e aluno.

· A retroalimentação ou feedback e a retificação de possíveis erros podem ser mais lentos, embora os novos meios tecnológicos reduzam estes inconvenientes.

· Necessidade de um rigoroso planejamento a longo prazo, com as desvantagens que possa ocasionar, embora com a vantagem de um repensar e de um refletir por mais tempo.

· Não obstante as dúvidas de alguns quanto à possibilidade de a Educação à Distância proporcionar algo mais que instrução ou transferência de conteúdos, está provado que materiais didáticos bem elaborados podem levar os alunos a “aprender a aprender”.

· Perigo da homogeneidade dos materiais instrucionais — todos aprendem o mesmo, por um só pacote instrucional, conjugado a poucas ocasiões de diálogo aluno/docente — pode ser evitado e superado com a elaboração de materiais que proporcionem a espontaneidade, a criatividade e a expressão das idéias do aluno.

· Para determinados cursos, a necessidade de o aluno possuir elevado nível de compreensão de textos e saber utilizar os recursos da multimídia, ainda que se afirme ser possível alfabetizar à distância, por rádio.

· Excetuando-se as atividades presenciais de avaliação, os resultados da avaliação à distância são menos confiáveis do que os da Educação Presencial, considerando-se as oportunidades de plágio ou fraude, embora estes fatos também possam ocorrer na modalidade presencial.

· A ambição de pretender alcançar muitos alunos provoca numerosos abandonos, deserções ou fracassos, por falta de um bom acompanhamento do processo, embora deva ser feita a devida distinção entre “abandono real” e “abandono sem começar”, o daqueles alunos que não fazem sequer uma primeira avaliação.

· Custos iniciais muito altos para a implantação de cursos à distância, que se diluem ao longo de sua aplicação, embora seja indiscutível a economia de tal modalidade educativa.

· Os serviços administrativos são, geralmente, mais complexos que no presencial.

Referências Bibliográficas

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BITTENCOURT, D. F. A construção de um modelo de curso Lato Sensu via Internet - a experiência com o curso de especialização para gestores de instituições de ensino técnico UFSC/SENAI. Dissertação de Mestrado. UFSC. Jun., 1999. Disponível na Internet: http://www.eps.ufsc.br/disserta99/denia.
CARDOSO NETO, C. EducNet - Educação a distância. Casa da Ciência, UFRJ. Rio de Janeiro. mar, 1999. Disponível na Internet: http://www.cciencia.ufrj.br/educnet/index.htm

LANDIM, C.M.F. Educação a distância algumas considerações. R. Janeiro, 1997.

MEIRA, L. Reflexões sobre aprendizagem e ensino na Internet. Depto. de Psicologia UFPE. Recife, PE. Disponível na Internet: http://www.ufpe.br/psicologia/Luciano_21.htm

NUNES, Ivonio. Noções de Educação a Distância. Revista Educação a Distância. 4/5, dez/93-abr/94. Brasília, Instituto Nacional de Educação a Distância. p. 7-25.

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STEINER, Virgínia. What is Distance Education. DLRN Research Associate. out., 1995. Disponível na Internet: http://www.dlrn.org/library/whatis.html

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